Home
 
Portuguese English Spanish French Chinese (Simplified)
PME NA HORA Conhecimento Internacionalização ANGOLA – Um mercado de Oportunidades
 

  

ANGOLA – UM MERCADO DE OPORTUNIDADES

 
 
ÍNDICE
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
Angola é, de facto, um mercado que oferece inúmeras oportunidades, ocupando mesmo para muitas empresas portuguesas um lugar de destaque. E Portugal tem, efectivamente, condições para manter uma posição de relevo económico em Angola, apostando neste país até como plataforma para atingir os mercados africanos circundantes. Nas próximas linhas, traçaremos uma síntese daquele que é já dos mais prósperos países no continente africano.
 
Angola recupera de um longo período de guerra civil que se vinha a arrastar ao longo dos últimos 30 anos. Angola é, hoje, um país para o qual o apoio financeiro e a assistência técnica dos países ocidentais se apresentam como alavancas fundamentais para a reconstrução do país e da sua economia. Com recursos naturais que podem ser considerados brutais e reservas de petróleo crescentes, tornando-se rapidamente no primeiro produtor africano. E, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), em 2007, prevê-se que o crescimento em Angola seja de 30%.
 
Angola é também um mercado que vai continuar a crescer nos próximos 10 a 15 anos. Como tal, é assumidamente e sem margem para dúvidas um mercado de futuro. Um mercado que os empresários portugueses devem ter em conta e ao qual devem estar atentos, não deixando que outros países continuem a conquistar quota de mercado, ultrapassando Portugal.
 
De acordo com estatísticas recentes, as exportações portuguesas para o mercado angolano têm apresentado um rápido crescimento (ver Gráfico abaixo). Angola apresenta-se como o 9º mercado para as nossas exportações, representando 75% das vendas portuguesas para os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Angola encontra-se em 2º lugar na lista de mercados para Portugal, fora da União Europeia, logo a seguir aos EUA.
 
 
Sectores de aposta em Angola
  • Reconstrução de infra-estruturas públicas nos sectores energético, telecomunicações, ferroviário e rodoviário;
  • Construção civil e obras públicas, sector imobiliário, saneamento básico e materiais de construção;
  • Produtos alimentares, mobiliário e medicamentos;
  • Diamantes e minérios em geral, infra-estruturas, catering, equipamentos e serviços;
  • Logística e serviços de consultoria TIC’s nos sectores da educação e formação.
 
Evolução do investimento português em Angola
Actualmente, encontram-se com investimento em Angola mais de 200 empresas de capital português. Sendo que um grande número dessas firmas são propriedade de portugueses residentes naquele país. Só em 2006, o IDPE (Investimento directo português no estrangeiro) em Angola foi de 186 milhões US$.
 
Destaca-se ainda a forte presença portuguesa no sector bancário e na construção. Neste último caso, praticamente todas as grandes empresas de construção estão presentes em Angola.
A evolução dos projectos aprovados pela ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado) permite verificar a evolução, em sentido ascendente, do IDPE em Angola:
  • 2001: aprovados 5 projectos
  • 2002: aprovados 7 projectos
  • 2003: aprovados 29 projectos
  • 2004: aprovados 267 projectos. Dos quais 66 eram de empresas portuguesas
  • 2005: aprovados 293 projectos. Dos quais 83 eram de empresas portuguesas
  • 1º semestre de 2006: aprovados 173 projectos. Dos quais 75 já eram de empresas portuguesas.
 
 
 
FICHA DE MERCADO
 
Angola é um parceiro com muito significado para Portugal. Apresentando-se como, potencialmente, um dos mais prósperos países de África, devido às suas reservas de petróleo, às capacidades hidroeléctricas, aos minerais de que dispõe e às grandes extensões de terra cultivável, das quais só uma pequena parte está aproveitada.
 
Designação oficial: República de Angola
 
Área: 1.246.700 km2 (14 vezes maior que Portugal)
 
Capital: Luanda
 
Outras cidades importantes: Huambo; Lobito; Benguela; Lubango; Namibe; Malanje e Cabinda.
 
População: 14,3 milhões de habitantes (estimativa de 2005); dos quais Luanda tem 4 milhões de habitantes
 
Língua: A língua oficial é o português, mas são falados diversos dialectos africanos (umbundu, kimbundu, kikongo, chokwe, entre outros)
 
Estrutura Etária:
0-14 anos: 43%
15-64 anos: 53,7%
+ 65 anos: 2,8%
 
Esperança de Vida: 36,6 anos
 
Portos: Cabinda, Luanda, Lobito, Namibe e Soyo
 
Moeda: Kwanza (AOA)
1 EUR = 97,2015 AOA (Janeiro de 2006)
 
Províncias: 18
 

Bengo

Capital: Caxito
Área: 33.016 km2
 
Benguela
Capital: Benguela
Área: 31.788 km2
 
Bié
Capital: Kuito
Área: 70.314 km2
 
Cabinda
Capital: Cabinda
Área: 7.270 km2
 
Cuando Cubango
Capital: Menongue
Área: 199.049 km2
 
Cunene
Capital: Ondjiva
Área: 87.342 km2
 
Huambo
Capital: Huambo
Área: 34.270 km2
 
Huíla
Capital: Lubango
Área: 75.002 km2
 
Kwanza Sul
Capital: Sumbe
Área: 55.660 km2
 
Kwanza Norte
Capital: N`Dalatando
Área: 24.110 km2
 
Luanda
Capital: Luanda
Área: 2.257 km2
 
Lunda Norte
Capital: Lucapa
Área: 103.000 km2
 
Lunda Sul
Capital: Saurimo
Área: 77.637 km2
 
Malanje
Capital: Malanje
Área: 97.602 km2
 
Moxico
Capital: Luena
Área: 223.023 km2
 
Namibe
Capital: Namibe
Área: 58.137 km2
 
Uíge
Capital: Uíge
Área: 58.698 km2
 
Zaire
Capital: M`Baza Kongo
Área: 40.130 km2
  
 
  
ESTATÍSTICAS
 
O investimento privado em Angola desempenha, hoje, um papel crucial no desenvolvimento da economia angolana. Pela mesma razão, o Governo de Angola estabeleceu um regime legal de incentivos suficientemente atractivo para os potenciais investidores. Não só ao nível da oferta de garantias credíveis de segurança e estabilidade jurídicas para os seus investimentos, como também, e sobretudo, estabelecendo regras e procedimentos claros, simples e céleres para os respectivos processos de aprovação.
 
Foi, assim, adoptado um quadro legal que possibilite a realização de empreendimentos que envolvam investimentos privados, sejam estes nacionais ou estrangeiros. Uma iniciativa governamental que auxilia Angola na apresentação de números como os que apresentamos nos Gráficos que se seguem.
 
Gráfico I
Crescimento Anual do Produto Interno Bruto
 
 
 
 
Gráfico II
Evolução da Taxa de Inflação Anual
 
 
 
Gráfico III
Evolução das Taxas de Juro
 
 
 
Gráfico IV
Crescimento das Exportações
 
 
 
Gráfico V
Principais´Países Fornecedores
 
 
 
  
ENTREVISTA COM O MINISTRO DO COMÉRCIO DE ANGOLA
 
“Com o advento da paz em Angola, o país tem assistido a um desenvolvimento galopante da sua economia”. As palavras são de Joaquim Icuma Muafumba, ministro do Comércio de Angola, que refere que, nos últimos quatro anos, “foram aprovados 1124 projectos, num total de 4 biliões de US$ (mais de 32 biliões de Kwanzas)”. E acrescenta que só em 2006 foram aprovados 463 projectos (o maior número nos últimos três anos), com um montante global de 794 milhões de US$.
 
Segundo o ministro angolano, esta evolução dos números de projectos aprovados desde 2003 “reflecte o crescente interesse dos investidores em fazer negócios em Angola”. Facto motivado também pela estabilidade macroeconómica e pelo crescimento económico “que tem sido dos mais altos do mundo”, salienta Joaquim Muafumba.
 
Da mesma forma, a nova Lei dos Investimentos que “não diferencia o investimento estrangeiro do nacional e oferece incentivos a quem investir nas áreas que o Governo angolano julga prioritárias”, é motivo mais do que suficiente para o interesse estrangeiro naquele mercado africano. Isto porque, por exemplo, estamos a falar de “incentivos que podem chegar até à isenção de impostos durante oito anos, dependendo da localidade e empresa a instalar”.
 
Segundo o ministro do Comércio de Angola, “a estabilidade política, macroeconómica e o quadro jurídico-legal existente, e em perspectiva, são a alavanca e o segredo”, permitindo encarar os futuros investimentos com “optimismo e esperança”.
 
No que se refere ao sector do Comércio, o ministro realça algumas das medidas que facilitarão a entrada de investimento estrangeiro, em particular o português, em Angola. Destaca, assim, a criação do Novo Quadro Jurídico-Legal, designadamente o Estatuto Orgânico do Ministério do Comércio, a Lei das Actividades Comerciais, aprovada pela Assembleia Nacional, os Diplomas para a organização e funcionamento de Centros de Logística e Distribuição, Mercados Abastecedores, entre outros.
 
Outras das medidas apontadas são a definição do Programa Base de Conceitualização, Organização e Implementação de Mercados Grossistas e Retalhistas, e de uma Rede Integrada de Logística e de Distribuição, Urbanismo Comercial, Formação e Profissionalização de Comerciantes.
 
Está, igualmente, a iniciar-se a execução de projectos arquitectónicos de engenharia e técnicos, conducentes à reabilitação e construção de infra-estruturas comerciais em Angola.
   
 
  
EMPRESÁRIOS ANGOLANOS PROCURAM PARCEIROS PORTUGUESES
 
Luís Faria
 
Quais são, neste momento, as vossas principais preocupações em Angola?
Divididas por áreas, as nossas principais preocupações situam-se ao nível da capacidade financeira de alguns empresários e dos meios que possuem para o desenvolvimento de empresas que produzam os produtos e serviços que Angola precisa.
Há um volume de pessoas interessadas em que se encontrem parceiros credíveis em Portugal para que se crie um intercâmbio que colmate as necessidades de Angola. Nós temos empresários com armazéns, outros com áreas para construção e ainda outros na área da hotelaria e turismo com pequenas instalações que podem ser ampliadas e adaptadas àquilo que pretendemos.
 
E o que é que Angola tem para oferecer aos empresários que queiram investir e ajudar a desenvolver o país?
Em termos de legislação, estamos a proceder à sua adaptação às novas realidades. Hoje, estamos a adaptar novas formas de desenvolvimento à situação concreta do país.
O que é que podemos oferecer? O homem angolano que tem vontade. As terras, os espaços, a legislação, a credibilidade e o vosso contributo na participação da criação de uma Angola melhor.
 
Considera que este é o momento certo para se apostar em Angola?
Penso que sim. Talvez alguns empresários portugueses acordem agora.
 
Terão os portugueses medo de se lançar em Angola?
Não vejo isso como um medo. Há é que ter em conta duas componentes: parceria e desenvolvimento. E ter a certeza de que podemos fazer tudo e ganharmos muito ao longo do tempo.
Actualmente, já constato que há pessoas que querem entrar no mercado, sentar, criar raízes, adubar as áreas e participar na colheita dos frutos.
  
Norberto Tombela
 
Que mensagem gostaria de deixar aos empresários portugueses que pretendam investir em Angola?
Como sabe, Angola é um país que viveu muitos anos de guerra, ficando praticamente destruído. E todo o empresário português que estiver interessado em investir em Angola, acredito que o Governo e o povo angolano estão de portas abertas para o efeito.
 
Paulo Augusto
 
Desenvolve muitos negócios em Angola. Em traços gerais pode falar-nos sobre eles? É um empreendedor nato…
Estou na área do comércio, da florestação e estou agora na agricultura, estufas de plantas ornamentais, veterinária, pequenos animais e vamos agora entrar em hotelaria também.
 
E procura parcerias cá em Portugal?
Sim.
 
Em que áreas? Quais são as vossas necessidades actuais?
Neste momento seria “know-how” em algumas situações, principalmente nas áreas das estufas, do comércio (que pode sempre se alargar e estender) e da veterinária também.
  
 
  
EMPRESAS QUE JÁ APOSTAM EM ANGOLA
 
Primavera Software
O ano de 2006 foi um ano de forte crescimento da Primavera Software em Angola, tendo quase duplicado as vendas naquele mercado. Pelo que, segundo os seus responsáveis, o objectivo é “continuar com este crescimento e, de certa forma, acompanhar a evolução da economia angolana, já que se prevê que continuará acrescer nos próximos anos”.
 
Consideram que se trata de um mercado “com as suas vicissitudes. Apresenta algumas dificuldades e, como todos os mercados, terá os seus aspectos particulares”. No entanto, “há que investir, considerá-lo como um outro mercado qualquer”. Isto porque consideram que “há inúmeras oportunidades e vale a pena investir”.
  
Água do Marão
A “Água do Marão” já circula em Angola desde 1993. “É um produto que tem tido uma aceitação excepcional, tendo já conquistado este país. No entanto, a empresa continuará a trabalhar este mercado apenas ao nível da exportação. Uma vez que “será difícil apostarmos na construção de uma unidade de produção em Angola”. Segundo os responsáveis da empresa, “uma unidade destas é de um investimento muito avultado, já que somaria muitas dezenas de milhões de euros”.
 
Embora também existam locais em Angola para se construir uma instalação como a da Água do Marão, “é de realçar o facto de que Portugal reúne condições excepcionais para a exploração deste tipo de produtos. As águas portuguesas são reconhecidas internacionalmente como das melhores do mundo”, acrescentam.
  
Famo
Com sede em Luanda, a Famo Comercial, abriu já filiais em Benguela, Lobito e Huambo. De acordo com os responsáveis da empresa portuguesa Famo, “o ano de 2006 foi marcado pelo crescimento em Angola, pela consolidação da presença em Espanha e início de relações comerciais com França, Inglaterra e Emirados Árabes Unidos”.
 
Para 2007, o enfoque do investimento voltar-se-á para a “reformulação do lay-out fabril e reorganização do processo de produção, e aquisição de equipamentos para melhoria de capacidade de produção, produtividade e actualização tecnológica”.
 
A Famo pretende ainda vir a “possuir instalações fabris em Angola, primeiro apenas numa fase de acabamentos (pintura – montagem – embalagem e estofos) que poderão ocupar uma área de cerca de 3.000 m2 com um investimento que poderá rondar os 3 milhões de dólares”. Um objectivo que a atingir permitirá criar cerca de 50 postos de trabalho.
 
Sulnor
Vocacionada para a concepção e fabricação de acessórios para redes de distribuição de gás e de distribuição e transporte de electricidade e redes de iluminação pública, a Sulnor tem vindo a “sistematicamente libertar meios financeiros” com o objectivo de “encarar com competitividade o mercado internacional”.
 
Angola tem sido um desses mercados que “há muitos anos” adquire produtos da Sulnor. Razão mais do que suficiente para a empresa ter já uma delegação naquele país e “dentro de pouco tempo teremos uma unidade própria a laborar em contínuo”. Esta aposta deve-se ao facto de Angola “ ser um país em franco desenvolvimento”.
 
Quanto a um conselho aos empresários portugueses que desejem investir em Angola, “não podem ver o mercado Angolano como a galinha dos ovos de ouro, mas sim numa perspectiva de progresso criando riqueza para o desenvolvimento social dos dois países, com a legitimidade de serem países considerados com a mesma língua e a mesma cultura”.
 
 
 
 
 
FONTES
Instituto Nacional de Estatística de Angola
Banco Nacional Angolano
Direcção Nacional das Alfândegas de Angola
Agência Nacional de Investimento Privado
ICEP Portugal
Jornal das PME (Edição nº 20)