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19/10/2007 UMA SEMANA EM CHEIO

Na segunda-feira às sete e vinte da manhã ligam-me da TSF. Querem saber a minha opinião sobre o anúncio do Ministro da Economia, que se destaca por prometer mais 530 milhões de euros para as PME e empreendedores. Eu, dirijo-me para uma conferência europeia sobre financiamento de PME e empreendedorismo, a decorrer no Estoril, tendo como anfitriões Comissão Europeia, IAPMEI e Câmara Municipal de Cascais. Penso imediatamente que esse anúncio, vem e bem a propósito dessa conferência, marca bem a agenda pela positiva. Aliás, dessa conferência sairiam nas 48 horas seguintes um Observatório europeu baptizado de “Estoril”, e uma declaração europeia sobre o tema – a declaração do “Estoril”.
 
Se o anúncio é bom, obviamente há que esperar para ver. Sendo certo que 530 milhões de euros é muito dinheiro, vieram-me há já longa memória de 8 Ministérios diferentes, declarações similares. Recordei-me imediatamente de um anúncio similar de há anos, em que se anunciavam 300 milhões de euros em capital de risco para as PME. E outra, mais recente, em que se anunciava que se iriam apoiar 1.100 projectos de micro capital de risco. De ambas, humildemente confesso, desconheço os resultados. E por isso quando se anunciam mais 530 milhões de euros, a primeira reacção tem que ser ÓPTIMO, é de dinheiro para investimento que necessitamos. Mas a seguir importa saber como, quando e onde esse dinheiro é efectivamente aplicado.
 
Na terça-feira num debate sobre empreendedorismo na RTP, perguntam-me porquê investir em Portugal. Resposta de um dos colegas de debate, porque somos Portugueses. A resposta é boa, e é a principal razão de investirmos. Mas não deveriam imediatamente ocorrerem-nos outras razões? Fiscalidade atractiva, baixos custos de factores, financiamento abundante? Felizmente sobre o tema – que está na moda – chovem e-mail’s e chamadas telefónicas. Fico contente por saber que despertou a população dessa longa letargia do paradigma de ser funcionário público ou do emprego para a vida. Jovens, meia-idade e seniores, todos se interessam pelo tema. Tanto que participo na promoção de acções e apoios ao empreendedorismo. Mais, nas Universidades, suas licenciaturas e mestrados, incluindo a “minha” Economia, e até, imagine-se no mestrado em engenharia informática, área das com mais empregabilidade do país – também se lecciona empreendedorismo! Nem todos podem ser empresários, mas todos podem e devem ser empreendedores.
 
Na quarta-feira, lançamos a primeira pedra da segunda fase do Centro de Negócios Ideia-Atlântico em Braga, na presença de Carlos Zorrinho, Coordenador do Plano Tecnológico, e de Paulo Gomes, Vice-Presidente da CCDR-Norte. Este projecto, que contempla uma incubadora de empresas de base tecnológica, está em fase adiantada de execução e insere-se num complexo que albergará 10.000 m2 de áreas empresariais, para start-up´s, mas também no centro de negócios para médias e grandes empresas de serviços e de tecnologia, que queiram explorar a abundante qualificação dos recursos humanos gerados nas universidades do Norte. A proximidade de 700 metros ao Laboratório Internacional de Nanotecnologia e à Universidade do Minho foram factores que pesaram na escolha do local. Espera-se conseguir não apenas mais empreendedorismo, mas afirmação internacional da nossa tecnologia e atracção de investimento externo. É que de facto a abundância de licenciados, mestres e doutores na região, nas áreas tecnológicas e noutras, é uma oportunidade para empresas multinacionais que queiram sediar desde call centers a centros de desenvolvimento. Nas crises, como aquela que o Norte vive, existem ameaças e pontos fracos, mas também oportunidades e pontos fortes. Tirar partido deste ponto forte – abundância de recursos altamente qualificados e baratos – é uma oportunidade para as empresas.
 
Na quinta-feira de tarde desloco-me ao Congresso dos Economistas. As intervenções são dominadas pelas PME. Oradores nacionais e internacionais, tema em comum, PMEs. Diz-me um colega economista, lá presente desde o início dos trabalhos, que nunca se ouviu falar tanto em PMEs. Eu tento aprender algo sobre o tema! E fico orgulhoso do meu humilde contributo para o tema PME, seja incontornável na agenda do crescimento económico e do desenvolvimento sustentável. Mais pela noite e em conversa com o Comissário Almunia, aborda-se a ideia do papel das PME para o desenvolvimento económico de Espanha. E ele fala com encanto do nosso país, do que conhece e do que quer conhecer. Que bom que os moinhos de vento que nos afastavam se desvaneceram!
 
Sexta-feira. Fala-se em PME como aposta do Orçamento de Estado, entregue na Assembleia da República. Na véspera o Presidente voltara a referir-se ao forte empenho que tem que existir no crescimento económico.
 
No Sábado, o semanário “Sol” noticia a experiência da DNA Cascais, agência criada pelo município de Cascais. Que quis ser toda a semana – e foi – a capital europeia do empreendedorismo. Carlos Carreiras, Presidente da Agência e Vice-Presidente da Câmara fala do que fez e do que quer fazer. Um bom exemplo, o de um município que tem à partida tudo – riqueza, bem-estar, património, enfim a nossa Riviera – mas que não desiste de renovar os factores de desenvolvimento sustentável. As PME e os empreendedores, uma vez mais, são centrais nessa agenda.
 
Uma semana, portanto, em cheio.
 
Artigo publicado no Semanário Económico, de 19 de Outubro de 2007