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01/06/2007 INOVAÇÃO DE BANDA LARGA

Num momento em que se fala muito de inovação, no âmbito do Plano Tecnológico, do anterior QCA ou do novo QREN, algumas definições sobre o tema são e tornam-se cada vez mais necessárias. Se bem que Schumpeter tenha iniciado a ciência nestas matérias de empreendedorismo e inovação, a verdade é que a interpretação de inovação em Portugal, ainda continua mais ligada à invenção do que propriamente ao mercado e às empresas. E a tendência tutelar do Estado é a de complicar, de filtrar e de querer tornar muito restrito, aquilo que é ou não passível de apoio ou chancela enquanto inovação. Restringindo às entidades públicas, em vez de se abrir à economia e ao mercado, aquilo que é inovar.
 
Gostaria de começar por definições básicas, mas que ainda hoje, é necessário repetir em Portugal, porque está na moda complicar o termo para o tornar inacessível.
Inovação é diferente de invenção. Inovação não tem que ser tecnológica, pode e deve muitas vezes ser de processos ou de mercados. Inovação não se resume ao sistema público científico e tecnológico. Inovação não se resume aquilo que as empresas contabilizam como imobilizado incorpóreo.
 
Portanto, há muito mais inovação do que se pensa em Portugal, se bem que muita dela não esteja espelhada em estatísticas e esteja mesmo arredada por questões incompreensíveis dos sistemas públicos de “apoio á inovação”.
 
As definições prévias, tão óbvias quanto antigas, devem desmistificar os conceitos que se vão criando para complicar aquilo que se classifica como “inovação”. A inovação não nasce necessária e obrigatoriamente dum doutoramento, antes da observação de clientes e mercado.
 
E neste particular, a experiência das políticas públicas de apoio à inovação tem um conhecido resultado. Apenas 4 em cada 1000 ideias subsidiadas por fundos públicos ao sistema nacional científico e tecnológico, resultam de facto em patentes. Não é aumentando a percentagem do PIB dedicada ao I&D que se resolve o problema. Que é, era e, veremos se continua a ser, não de dotações, mas de forma.
 
Ou seja, o estímulo público á inovação, para ser sério e eficaz, não pode depender de pareceres e análises complexos, efectuados por pessoas desligadas do mercado. É isso que se passa em Portugal. A análise do que se apoia, tem muito mais a ver com o curriculum académico e com as entidades públicas que participam, do que com a viabilidade real da ideia.
 
Ora este sistema público, fechado sobre si próprio e sobre as suas necessidades de manutenção, não conduz à inovação empresarial.
As empresas, em especial os milhares de PMEs que inovam, fazem-no com os seus orçamentos e não a contabilizam enquanto tal por óbvias razões fiscais (custos do exercício em vez de amortizações).
 
Ora este esforço nacional de inovação, não devia excluir as intenções e inovações que vêm das empresas mais diversas ou dos empreendedores mais variados, independentemente do seu grau académico ou da sua ligação ao sistema público. O que infelizmente acontece e com muita frequência.
 
Seria necessário inverter totalmente o paradigma, centrando o princípio nas definições base de Schumpeter, e a prática em fomulários simplex de apoio à “inovação na hora”, sem dependências de pareceres arredados do mercado global.
 
Será que no Plano Tecnológico e no QREN isso vai ser conseguido? Olhando para aos QCAs, a herança é má e na actualidade não se modificou a tendência ou a forma. Esperemos para ver se se inverte o processo e se se coloca a decisão nas mãos de quem propõe, investe e arrisca. Para termos uma banda larga na inovação e inverteremos os maus resultados de que padecemos.
 
Artigo publicado no Semanário Económico de 01 de Junho de 2007