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12-10-2007 A FATIA

O Ministério da Economia anunciou recentemente a disponibilização de 530 M€ para as PME’s. Naturalmente que são bem-vindos e bem-haja. Para além dos regozijos, naturais, é necessário saber em que contexto e com que critérios os mesmos serão disponibilizados.
   
E isto porque, no passado recente foram também distribuídos uns largos milhões, e a verdade é que ninguém sabe muito bem porque é que foram, para onde foram, e mais complicado que isso, porque é que para uns foram e para outros nem por isso.
Este novo diploma, ao que parece, privilegia o Capital de Risco, o Capital Semente, a titularização de créditos bancários e também a garantia mútua.
 
Até aí nada a dizer, antes pelo contrário, devemos aplaudir.
 
Mas será que concebeu e imaginou o “produto”, o vai acompanhar na implementação?
Ou será que vamos continuar a ter projectos de pais portugueses, que passam a ser perfilhados por padrastos europeus e/ou asiáticos?!!
 
Será que vamos continuar a negar fundos de Capital de Risco para projectos nacionais, por mero capricho e depois vamos encontrá-los nas mais variadas feiras internacionais com chancela europeia?
 
Será que vamos continuar a ter medo de arriscar parcelas de quinze ou vinte mil euros que sejam, na concretização de um projecto, só porque o mesmo vem com a etiqueta “fabricado em Portugal”?
 
A titularização de créditos bancários só estarão disponíveis às empresas com histórico bancário e contabilístico?
 
E o capital Semente? Vai ser aplicado e disponibilizado como? Em função dos projectos e da valorização e capacidade dos mesmos? Ou mais uma vez, em pseudo planos de negócios que são elaborados para o assunto?
 
Não adianta conceber e formatar produtos, sejam eles Finicia, Finicresce, ou outros, se os modelos em que os mesmos são idealizados, rapidamente ficam desvirtuados.
E o Capital de Risco serve para quê? Para calçar e recuperar riscos menos bem calculados?
Bem, são perguntas a mais para respostas a menos. E mesmo as poucas que vêm, normalmente chegam tarde e desfasadas.
 
Entretanto perderam-se imensas oportunidades, houve projectos que tiveram que ser abortados, e consequentemente negócios que foram perdidos.
É por isso muito importante que estas verbas sejam disponibilizadas e aplicadas. Sem dúvida alguma que são medidas que devem ser aplaudidas.
 
Mas a missão não se esgota aqui. Estas medidas devem ser acompanhadas de um plano de implementação e monitorização, sem o qual corremos o risco, das mesmas não terem efeitos práticos.
 
Ao contrário do que se pensa, em Portugal aparecem excelentes ideias e projectos. E é necessário que os mesmos sejam acolhidos com atenção de forma a tornarem-se viáveis e efectivos.
 
É absolutamente frustrante, apresentarmos uma ideia de negócio, que por mera burocracia não é apoiada, e meses mais tarde com imenso desgosto vemos a ser comercializada em massa para o mercado americano com etiqueta tailandesa.
 
Isto é o que acontece actualmente na Inovação e Investigação Nacional.
 
É claro que os 530 M€ vêm ajudar a concretizar projectos, mas tem que ser com regras e procedimentos diferentes dos actuais, pois caso contrário, corremos o risco de mudar para o mesmo.
 
Artigo publicado no Semanário Económico, de 12 de Outubro de 2007
 
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