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13-04-2007 SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO!!!

Muito mal vai um país, que desperdiça três quartos do tempo de antena disponível para auscultar o principal responsável da Nação, em questões ridículas e paralelas. Numa fase crucial da governação desta legislatura, pois estamos precisamente a meio da mesma, nada mais importante que fazer um balanço, olhar os objectivos propostos, monitorizar os resultados alcançados e se for o caso redefinir estratégias.
 
Pois, em vez de aproveitarmos a oportunidade para conhecermos, a fundo, os meandros do que se passa cá na “terra”, a maior parte das pessoas estão interessadas em discutir o título do Sr. Primeiro-Ministro.
Como se fosse isso que governasse.
Realmente este país é muito picuinhas, e com pouca objectividade.
 
Se estivéssemos a falar duma formação que pusesse em causa a sua actividade quotidiana, como seria, por exemplo, o caso de um médico que não o fosse e exercesse, ou mesmo outra profissão qualquer em que a formação fosse indispensável para o real e verdadeiro conhecimento da actividade desenvolvida, pois estaríamos perante uma situação bastante complicada. Mas na verdade não é o caso.
 
E relativamente a este caso, a questão que poderia e já agora deveria ser levantada, é se efectivamente o processo está ou não devidamente legalizado.
 
Extrapolar daqui que as competências podem ou não estar afectadas, é no mínimo surreal.
O que até agora foi feito em termos de governação, quer seja bom ou mau, não tem rigorosamente nada a ver com a formação académica de quem o decide.
 
Pior que a questão em si mesma, é o ênfase que dela se dá. Nas últimas duas, três semanas não se fala de outra coisa.
Falta saber porquê. Porque são estas notícias que vendem jornais? Porque o espírito crítico da oposição está gasto? Porque interessa ao Governo, no sentido de desviar atenções de questões fundamentais, essas sim verdadeiramente interessantes para o País?  
Nesta fase de governação, já temos dados suficientes para perceber se o caminho traçado foi o correcto.
 
Também já temos dados suficientes para perceber se os objectivos vão ser minimamente alcançados.
Então vamos analisá-los e criticá-los, o que não significa necessariamente dizer mal.
Que o desemprego está a baixar já percebemos. Óptimo. As perspectivas eram as que estavam previstas? Parece que não. As taxas de desemprego já acompanham a evolução das nossas congéneres Europeias? Então, vamos continuar a focalizar neste assunto, que porventura deve ser o maior cancro que o País possui.
 
Para além da falta de produtividade, provoca um clima de insatisfação e mesmo de crise social grave. A este factor não está alheio o aumento da criminalidade e a insegurança que tem vindo a crescer em flecha.
 
As exportações aumentaram. Óptimo. A questão que se coloca neste aspecto é que aumentaram na casa dos 7%, e a economia precisa de muito mais. Desde sempre se sabe que a balança comercial só poderá evoluir positivamente com o incremento e aumento das exportações. Os dados ficam muito aquém do necessário. É necessário e urgente fortalecer as políticas de incentivos e facilitação das exportações.
 
Vangloriarmo-nos com os resultados em termos de crescimento económico só se for mesmo para animar o ego, pois os resultados obtidos são os piores da Europa dos 25, e não se vislumbra grandes alterações.
 
Cada vez mais temos que pensar nas questões de uma forma estrutural e a longo prazo. Não podemos viver sempre da política da aspirina que alivia mas não cura.
Por isso é que continua a não se compreender porque é que não se avança com novos estudos sobre a Ota, que não obstante o cenário de atrasar o processo 2, 3 anos, pode demonstrar que o actual projecto, é um projecto a prazo, mais do estilo provisório, com um período de utilização bastante reduzido.
 
Afastar o cenário de novos estudos apontando o atraso como desculpa, não ponderando a curta esperança de vida deste projecto, é de uma insensatez, só ao nível de quem questiona se o líder é ou não licenciado.
 
Artigo publicado no Semanário Económico de 13 de Abril de 2007
 
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