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11-05-2007 O MINISTÉRIO DAS PME’s

Voltou à discussão o Ministério para as PME’s, em nome de uma política económica diferente. Diria que o assunto já não é um Ministério, mas um mistério mesmo. Numa fase em que são anunciados pelo Banco de Portugal, a perda de mais 48.500 PME’s no país em dois anos, até o mais distraído perceberá que urge fazer qualquer coisa e depressa sob pena de nos próximos dois anos não serem 48.500, mas sim mais 100.000.
 
Por muito pequenas que sejam essas empresas, se em média tiverem ao seu serviço 5
trabalhadores, rapidamente chegaremos a mais 500.000 desempregados!!!
E numa fase em que o desemprego teima em não descer, perspectivando-se que ainda não seja este ano, se não forem tomadas medidas estruturais rápidas, seguramente não vamos atingir essas premissas.
 
Numa UE de 27 países em que dois são caloiros, só entraram em Janeiro, e por isso não são relevantes para as contas, constatamos que a nível de PIB per capita encontramo-nos num 19º lugar, e com desempenhos no mínimo questionáveis, para não dizer censuráveis. Países que estão atrás de nós como a Eslováquia e a Polónia não demorarão muito a ultrapassarem-nos e a deixar-nos o espectro da cauda à vista.
 
Agora já nem dos gregos ouvimos falar, e seguramente não é por nos terem roubado a vitória no Euro 2004.
 
Malta, aquele país pequenino que por vezes não aparece no mapa, até ele já é mais rico que Portugal, o que de todo servirá para, pelo menos, pararmos, pensarmos e decidirmos se é isto que queremos para o futuro.   
 
 O Sr. Ministro da Economia vangloriou-se com o crescimento verificado em Portugal, sobretudo sustentado nas exportações, segundo disse. Curioso, é o facto de há muito isso ser reclamado, e sem nunca ter sido abordado frontalmente. Não adianta falar e não fazer. Se todos sabemos que esse é o caminho, então porque não o estimulamos e não o reforçamos?
 
A recuperação da balança comercial, ainda não é uma certeza, e a competição com a China, Índia e outros países de Leste tem de ser bem preparada e formatada, para não cair à primeira adversidade.
Por paradoxo que pareça, o país andou anos a sobreviver à custa da economia paralela. O notável trabalho da eficiência fiscal, levou a que algumas alternativas então existentes desaparecessem, e transferissem algumas empresas para o rol das 48.500 já referidas.
 
É óbvio que não devemos censurar um trabalho, que aliás tem sido meritório de rasgados, e bem, elogios. A questão, e que também é óbvia, é que esse rácio demonstra que se a carga fiscal que é absolutamente incomportável não for reduzida rapidamente, então vamos ter muitas mais a desaparecer nos próximos tempos.
 
Portugal continua a ser o país da Zona Euro onde o peso dos impostos indirectos é maior.
O peso da energia na produtividade das nossas empresas é outra das matérias que não pode continuar esquecida. As alternativas não existem, e o custo de produção aumenta substancialmente. A competitividade começa a desaparecer aqui, e se lhe juntarmos o endividamento das empresas e do próprio Estado, aumentam o custo da produção.
Isto sem falar no endividamento das famílias, pois com o histórico dos fechos e transferências das empresas, facilmente se perceberá que tende a aumentar, porque é uma consequência lógica da manutenção ou do aumento das taxas de desemprego.
 
Não nos enganemos e não vamos pensar que um Ministério para as PME’s por si só resolverá todos os problemas. É claro que não. Mas também é claro que se houver alguém que tenha por função o acompanhamento, a monitorização e a decisão sobre políticas específicas das PME’s, pode ajudar a formatar e a desenvolver uma política económica mais forte, disso também ninguém tenha dúvidas.
 
E é dessa política que precisamos e depressa.  
 
Artigo publicado no Semanário Económico de 11 de Maio de 2007 
 
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