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31-08-2007 MAIS DO MESMO

No regresso ao trabalho mais semana menos semana, o espírito tem que ser de esperança e optimismo. Afinal as férias, sejam melhores ou piores, têm esse condão e essa função de recarregar “cérebros”, reforçar almas e dotar o ser humano de capacidades que lhe permita enfrentar mais um ano de trabalho.
 
No entanto, antes de entrarmos nas questões operacionais verdadeiramente ditas, esta é sem dúvida a melhor altura de fazer análises e introspecções, meditar e planear.
Quem não perceber que terá que se adaptar rapidamente às sucessivas mudanças do meio que o rodeia, facilmente será encostado e ultrapassado por alguém mais atento.
 
Não podemos continuar agarrados a métodos que foram um sucesso, a práticas que tão bem funcionaram, e a mitos que nos engrandeceram. Antes temos que ver, se esses métodos e hábitos ainda estão em período de validade e se ainda se aplicam às conjunturas actuais.
Poderemos utilizar a metáfora do tempo, para percebermos, que já nada é igual ao passado – quem se lembra de cheias e temporais diluvianos no mês de Agosto em Portugal?
 
Isto é o melhor exemplo para percebermos que temos que estar permanentemente atentos ao que se passa à nossa volta, para podermos agir e decidir em conformidade e rapidez, pois nada é igual ao antigamente. E quando falamos à nossa volta, não é à volta de S. Bento e Belém, mas sim de Washington, Pequim, Londres, etc.
 
O exemplo mais recente é esta crise do crédito, que influenciou e vai continuar a influenciar as taxas de juro, e obviamente que se vai repercutir nos particulares e nas empresas. Nuns, na perspectiva de sobreendividamento e respectivos incumprimentos, e noutros na perspectiva de desempenho e de competitividade.
 
A questão que se coloca neste momento, é como vamos responder a mais esta adversidade.
Sendo certo que as soluções têm de partir de dentro, a verdade é que as resoluções também estão dependentes de decisões externas e políticas.
E a questão é que há reformas que foram anunciadas e não iniciadas…há reformas que foram iniciadas e não foram terminadas…e outras há que teriam que ser muito mais drásticas para obter os resultados efectivamente pretendidos e necessários.
 
E são estas questões que, todas ensarilhadas, dificultam a gestão e a resposta aos movimentos e altercações diárias da economia.
Temos no mínimo o direito de saber, em que estado se encontram os grandes projectos e linhas orientadoras, no sentido de se delinearem acções concretas e precisas, para não acontecer o que aconteceu com o QREN, que supostamente estaria no terreno em Fevereiro passado, e por este caminho…só lá para 2008.
 
É preciso perceber de uma vez por todas, que por muito boas que sejam as empresas e os seus gestores, elas não andam sozinhas. Estão sempre dependentes do meio que as envolve. E esse meio não ajudando, não pode no mínimo atrapalhar.
Por muito optimismo que reine nas hostes lusitanas nesta altura do ano, as mesmas rapidamente voltam aos seus rácios normais com o retomar dos assuntos pendentes largados em cima das secretárias.
 
É que as soluções não se vislumbram, e os mecanismos de apoio tardam em chegar.
Vamos pois, esperar que esta crise existente nos mercados de crédito se circunscreva ao sector financeiro e não se alastre ao resto da economia, pois caso contrário não se perspectivam tempos fáceis.
 
Artigo publicado no Semanário Económico de 31 de Agosto de 2007
 
 
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